Bom dia! Ando numa disposição que está me assustando. Depois de ontem eu ir dormir, na dúvida se me entregava às delícias da minha cama ou continuava a estudar. Hoje mal acordei e abri os cadernos e peguei a HP. Estou em dúvida em um ponto da matéria e isso eu levo para discutir na próxima aula.
Durante o café eu conversava com a minha mãe sobre eu querer que as pessoas vivam a vida como eu acho certo. A gente falava de uma amiga nossa que pretende deixar o emprego para engravidar novamente. A princípio achei absurda a ideia de trocar a segurança de um emprego fixo com benefícios pela insegurança de ser autônomo. Repensando vi que ela não ia estar ao léu. Mas como eu disse para minha mãe "a vida dela não é igual à minha".
Esses dias no metrô me segurei para não entrar na conversa de dois rapazes que diziam que "Não fomos feitos para viver assim". Meu professor de Ciência Política diz a mesma coisa "Gastamos nossas vidas para sobreviver".
Passamos tanto tempo no trabalho, longe do que é viver. Usamos boa parte do nosso dia (às vezes, todo ele) só nos dedicando a obter a subsistência. O propósito da vida seria esse? Viver para nos manter vivo?
Costumo brincar que o trabalho é um mal necessário. Ninguém nunca vai me ver procurando novas atividades pelo prazer de puxar o saco. Vou lá, vendo as horas do meu dia e tento me esforçar o mínimo possível. E isso não compromete o meu desempenho. Lembro de um professor que dizia ser balela isso de "vestir a camisa da empresa". Por quê? Porque ela vai enriquecer e se achar que você é um profissional muito bem pago ou por qualquer outro motivo te põe na rua, sem o menor remorso.
Ainda sobre o mercado de trabalho, ontem eu conversava com os meus novos colegas de classe sobre as universidades "profissionalizantes". Universidade não deveria ter o intuito de inserir ninguém no mercado de trabalho. Universidade deveria sim, tornar o graduando um ser humano pensante, melhor. Quem pensa tem o que quiser do mundo, inclusive emprego.
Só que a cada dia que passa vejo as Unibarracos, como dizia meu professor de Gramática do Cursinho, formando mais "para o mercado de trabalho" como eles mesmo dão ênfase em seus comerciais de tv.
E já que falei na tv e do professor de Política, lembro da cara de espanto de alguns quando ele disse que graduandos (e pessoas, no geral) deveriam adquirir o hábito de ler de 30 à 40 páginas ao dia. Ninguém se espanta se você diz que assistiu duas horas de tv, nem se for o dia inteiro.
Não acho que a tv seja o demo quadrado no meio da sua sala. Só que como a internet é preciso selecionar muito bem em que perdemos o nosso precioso tempo.
O mundo é vasto e a maioria de nós não tem uma gota do oceano de informações que ai estão. Mais uma vez querendo que as pessoas vivessem como eu acho correto, apesar do preço do livro no Brasil ser exorbitante, as pessoas deveriam sim, ler mais. Mesmo que na internet.
Essa semana tive uma crise de "Eu sou burra". A gente sempre sabe tão nada. Mas eu tenho a sede de querer aprender sempre. Sobre tudo. E eu devo estar errada já que vou contra a maioria. Será?
Uma das pessoas a quem mais admiro hoje é considerado lunático, sonhador. Nisso eu acho que ele está ao lado de "Deus". Gosto de uma frase biblíca retirada ao léu que diz:"Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus" e onde eu leio sabedoria penso em organização social, econômica.
Sermos escravos do capital é, no mínimo, burrice da maioria desprovida dele. Concordo quando um outro professor meu diz que em O Manifesto Comunista, Marx chamava o proletariado ao combate e nenhum general que queira ganhar, diria ao seu exército:"Então gente essa guerra tá perdida mas vamos morrer pela nossa causa".
Mas na pior das hipóteses ele, ao menos, conscientizou a maioria trabalhadora assalariada que as coisas estão erradas e passíveis de mudanças.
Quem dera se isso, ao menos, fosse discutido hoje. Numa época em que as tramas entediantes de Manoel Carlos são o descanso da maioria da população semianalfabeta (E semianalfabetos que portam diplomas de ensino médio, no mínimo. Trabalhei em uma escola onde as redações dos alunos do 3º ano eram simplesmente incompreensíveis).
Talvez eu também não me faça compreender com esse desespero que as pessoas vivam mais e enriqueçam o outro menos. Talvez eu ainda me torne uma pregadora no deserto (E nessa hora eu entendo os religiosos que saem de Bíblia na mão desesperados para serem ouvidos. Você acha o que você encontrou tão bom para si que precisa compartilhar).
Mas deixa eu voltar para os meus cadernos ...
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