quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O passado passado a limpo

Queria passar nosso romance a limpo. Como as redações do colégio e tudo mais na minha vida. Minhas amigas de classe dizem que eu tenho mania de passar tudo a limpo (Meninas, saudades ... Já já é dia 08/02 xD). Mas com você me sinto como quando redijo maravilhosamente bem mas ao longo da escrita repenso, releio, refaço, remonto.
Como a afinação de um piano. Ouço o som de cada tecla e depois confiro se nenhuma se destaca das demais. Se todas formam um conjunto harmonioso.
Redigindo no papel me faz falta o “Copiar e colar” do pc. Mas recorro às minhas adaptações desses recursos (Geralmente circulo trechos enormes e coloco um asterisco onde deve ser “colado” xD). Muitas vezes, numero a sequência dos parágrafos por começar a escrever no meio da folha ou atrás dela ou então por notar que a minha conclusão estava na segunda linha escrita.
E na Universidade então? O professor dá as questões e após discutirmos em grupo, eu passar para o papel tudo o que foi dito, conferir com o teacher o caminho das nossas conclusões, eu sempre sofro pela falta de tempo de passar a limpo a folha de resposta.
Quase nada na vida te dá essa oportunidade. Sempre vivi como se fosse passar a minha vida a limpo. Quando eu tiver mais dinheiro, mais tempo, estiver mais magra, mais bonita. Só que aquele momento exclusivo da minha vida já foi. Passou.
Não dá para se preparar sempre e mostrar só o melhor. A melhor caligrafia com tudo devidamente no seu lugar. A vida é feita de momentos e alguns dos melhores deles são os de improviso.
Quanta coisa boa acontece quando a gente está mais descompromissado? Quantas vezes foi um fracasso aquela noite, festa, jantar, viagem, curso tão planejados?
Planejamento demonstra nossa racionalidade mas não pode estar no controle das nossas vidas.
Queria passar a limpo meu amor por você porque é uma linda canção de amor. O encontro de duas pessoas que buscam a felicidade, cia. Que veem no outro a oportunidade de dividir uma vida, uma história. Que sentem prazer em estarem juntas de toda e qualquer forma. Que tem muito o que aprender juntas e ensinar entre si. Que se completam e se complementam. Que podem ter todas as opções que a vida é capaz de dar e mesmo assim só precisam de uma.
Estou assistindo uma minissérie que conta a história de um casal famoso de cantores da época de Ouro do rádio. E me identifico hoje com aquela mulher. Os anos passaram e ela foi incapaz de esquecer o seu homem. Esquecer nem é a palavra correta.
Ela não conseguiu desligar-se daquele amor, daquele homem, daquele sonho de felicidade. E muita gente vai julgar e dizer que ela perdeu a oportunidade de encontrar um novo amor e ser feliz. Mas acho que é mais fácil deixar de ser pobre do que de ser rico. Explico: depois de encontrar a pessoa com o qual você gostaria de envelhecer juntinho, de dividir seus planos e projetos de vida. Aquela com a qual a conversa é sempre boa, o desejo sempre intenso e os sentimentos os mais profundos, você não quer voltar a ser mediano, voltar a simplesmente ter alguém. (Kid Abelha cantou isso de forma espetacular: “Depois de você, os outros são os outros e só”). E a cia das lembranças pode ser melhor do que qualquer outro ser vivo que vá perder na comparação.
Se eu não posso passar a limpo vou tentar escrever um novo fim. Mas é como um roteiro e você tem que estar disposto a se transportar para ele. Só depende de você!

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