domingo, 3 de janeiro de 2010

Meu lugar ao Sol

Sou funcionária pública. Sempre achei o concurso público o caminho mais justo porque não depende da avaliação de, muitas vezes, alguém mais despreparado que você e cheio de suposições a seu respeito.
Detesto aquilo que alguns profissionais tentam passar como sendo a imagem certa para determinada empresa. Não acredito nisso.
A prova, ao contrário, analisa a sua capacidade intelectual. Particularmente, acho mais justa.
E decidi que, pelas condições e benefícios, entraria na Universidade na qual trabalho hoje. Vinha prestando inúmeros concursos, quando meu primo me avisou sobre esses. Me inscrevi em todos os que pude. E foram 4.
Nunca vou esquecer. No primeiro tirei 9,75 e fiquei em 105º e eram 15 vagas. No segundo; 9,5.
No terceiro; 9,25 e no quarto; 8,75.
Lembro de no dia da 4ª prova conversar com um garoto lindo e hipersimpático. De uma simplicidade sem fim. Até que meu primo chegou e a gente foi tricotar rs*.
Chorei decepcionada em frente ao monitor quando vi que meu desempenho tinha sido abaixo de 9. Se eu não entrei com 9,75 com um ponto a menos estava totalmente descartada. Eram apenas 5 vagas.
Lá as notas saem em uma data e a classificação em uma data posterior. Meu susto foi enorme quando vi que tinha sido a sétima colocada. Ainda brinquei com o meu primo que eu só teria que matar duas pessoas e uma eu já sabia onde morava já que ele teve a cara de pau de passar em quinto.
Logo meu primo foi chamado para assinar a contratação. Chorei novamente na frente de um monitor quando recebi um email mais ou menos um mês depois para comparecer ao RH da Reitoria. Eu também seria contratada.
Nunca deixei de tentar. Eu sabia o que eu queria. Mesmo quando me diziam que eu não devia gastar tempo e dinheiro com algo impossível. O impossível não existe na minha vida.
Os três primeiros concursos só serviram para eu me preparar melhor. Para eu saber o quanto custa estar onde eu estou.
Quanto ao garoto hipersimpático e de sorriso fácil ficou em sexto lugar (Palhaçada! Todo mundo que eu conheço tirar uma nota melhor que a minha :P). Hoje é meu colega de trabalho. Trabalha pela manhã na mesma função em que eu trabalho à tarde. Gente boa demais.
Eu poderia ter deixado de acreditar que daria. Até porque não foi fácil. Nessa época, eu tinha deixado o comércio e vivia do salário do novo trabalho do meu marido. A grana era curtíssima. Tinha um bebê, mercado, as coisas dele. Todo e qualquer dinheiro que vinha para minha mão era distribuído entre as contas e o que eu fazia sobrar virava livros, cadernos, apostilas e inscrições de concursos. Por muitos meses não comprei uma peça de roupa, um sapato e quem me conhece, segure o queixo, nenhuma bolsa rs*. Eu sabia o que queria. Talvez eu só nunca entenda até onde eu posso chegar. Sempre me surpreendo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário