segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Superproteção não é amor

Hoje, segunda-feira, 30/11/2009. Fui levar meu filho de 3 anos à fonoaudiológa pela primeira vez. Pra essas coisas, sempre tem uma entrevista inicial. Você dá dados para o médico fazer a parte “CSI” do processo.
Foi nítida a desaprovação dela em dois momentos:
1)Quando falei da mamadeira que meu filho ainda toma.(Ele vai se comporta como um bebê enquanto eu tratá-lo como um bebê)
2)E o pior...Quando expliquei que, além de não corrigir as palavras que ele pronuncia errado com medo dele se fechar mais também banco a tradutora para as outras pessoas evitando que ele se desgate, para que ele não precise se esforçar.
Ajo assim com todo mundo. Principalmente com os “homens” da minha vida (leia-se amigos, exs, filho, irmão, namorado, ...). Pressuponho que eles sim são o sexo frágil. Superprotejo e impeço que ajam. Depois reclamo da falta de atitude deles.
Esses dias nos preparativos do casamento da minha amiga, mulherada reunida e eu contando pra uma vizinha querida com 29 anos de casamento sobre os meus motivos para a separação. Após ouvir minhas reclamações, ela disse: “Se você fazia tudo (planejava, executava, decidia, ...), como pode dizer que ele não era atuante? Não sobrava nada pra ele fazer”. Não parei de pensar nisso. Foi há 3 dias atrás. E agora isso com a fono. Fora que há menos de um mês, um amigo querido me acusou da mesma coisa. Querer decidir a vida dele.
Fui adestrada pra governar. Cresci com a minha mãe que ao ficar viúva se viu com dois filhos pra criar (eu com 11 anos e meu irmão, 1). Ela se ocupava o tempo todo das nossas vidas. Acho natural que eu me ocupe da vida de quem amo. Minha tia e segunda mãe também era uma mulher forte que regia a própria vida e da sua família. A gente, por hábito, faz planos pra si os outros. Quando estou de folga ou de férias, por exemplo, quando eu acordo minha mãe já fez a minha agenda e ainda se oferece pra me “ajudar” a fazer as coisas que ela acha que eu devo fazer.
Quando minha tia morreu juro que por um momento eu quis abraçar os problemas da família dela. Meu primo e meu tio. Na verdade, meu primo é hipercentrado e eu concordo com as atitudes que ele tem tomado. Mas meu tio ...
Cheguei a virar, inconformada, pra minha mãe e dizer: “Mãe, mas ele não pode fazer isso. A gente tem que fazer algum coisa”. E a minha mãe: “Ele é adulto e teimoso. O que eu podia fazer eu já fiz . Conversei com ele que não quer ouvir.”. Nos minutos seguintes eu estava arquitetando um plano de convencimento. É mais forte que eu. Teoricamente eu sei que a vida é do outro e ele faz o que quer, quando e como quer. Mas ver uma pessoa que amo plantando tempestade me dói demais.
Buscar essa conscientização vai fazer a vida do meu filho melhor. Porque, aos 3 anos dele, eu já sei a universidade que ele vai fazer (e ando tão liberal que deixo até ele escolher o curso), o tipo de homem que eu quero que ele seja entre outras coisas.
Meu irmão foi criado entre nós duas. Duas mulheres “fortes” e “que sabiam o que era melhor pra ele”. Ele realmente só tinha dois caminhos. Ser rebelde ou submisso. Pra felicidade dele, se tornou rebelde.

Eu queria ser rasa ... (Porque ser profunda é foda!)

Eu queria ser rasa. É foda ser profunda . E gente rasa é tão legal. Tenho amigas com mais de 20, algumas beirando os 30 que conservam a “razicidade” dos 15 anos. Eu, pessoalmente, nem aos 15 anos fui “rasa”. Por que? Porque eu intelectualizo demais a vida. As coisas que realmente me interessam são pensadas e repensadas inúmeras vezes ao dia. Tenho a necessidade de entender o porquê de tudo e isso nunca é real.
Crio fantasmas e problemas que não existem e depois preciso procurar uma “solução” pra eles. Monto e desmonto situações trágicas sozinha com a minha mente e sofro muito porque passo a acreditar cegamente nelas.
Sozinha em casa, numa tarde pensando sou capaz de acordar sorrindo lembrando da noite anterior e de repente, pensar que e SE ...e invariavelmente acabar chorando.
Você, ser paciente, que me lê nesse momento, tenta visualizar comigo dois buracos na terra. Um bem raso, que se chovesse mal daria uma poça d'água. E outro de uns 4 metros de profundidade. No segundo, inúmeras espécies de móbiles de formas e cores sortidas que variassem do semialegre ao sombrio. Que vozes ecoassem das suas “paredes”em todos os tons e idiomas; vozes femininas e masculinas; doces e afetuosas, rudes e”imperativas”. Que no fundo desse buraco houvesse um espelho, daquele tipo o de parques, que deformam a imagem. E ainda que antes de se chegar a esse tal espelho, a uma distância de menos de 1 metro existisse uma grade, uma tela que impedisse você de se aproximar e notar como realmente ele é.
Vivo nesse buraco há mais de 30 anos. E sofro de um tipo de síndrome de Estocolmo. Por muitas vezes, eu gosto dele. É o meu lar, onde sei como as coisas funcionam ou tendem a funcionar. É o “mal conhecido”, me é familiar por mais confuso que seja.
E todo “profundo” que se preze já pensou, um dia, em se matar ou em matar alguém. De verdade ou só no campo das ideias que o tirariam da “dor que é viver”. Porque também é indigesto processar pelo cérebro de um profundo algumas coisas do mundo. (Leia-se por coisa: ideia, sentimento, lógica, “normalidade”, ...).
Como nutrimos sentimentos mais densos:
Não gostamos- amamos,
Não desgostamos- odiamos (no meu caso, por no máximo 30 segundos),
Não somos amigos- somos irmãos,
Não percebemos que a pessoa não estava- quase morremos de saudade,
Não ficamos tristinhos- caímos em depressão (profunda, muitas vezes)
E não é um exagero à la emo (sem preconceito algum). Sentimos assim mesmo. Injustiçados por um mundo incapaz de nos compreender.
E esse mundo só não nos entende porque ninguém vive nas mesmas condições. Não tem como sentir o cheiro, o gosto, o amor, a dor, o tempo, o vento, qualquer sensação como quem está no claro e superficial primeiro buraco. Nem mesmo como quem está num outro buraco profundo.
Às vezes, subo pra superfície pra tomar um ar. Como quando reuno as amigas “rasas” e vou pra balada ou só pra tomar um vinho e lembrar das coxas de algum menino que a gente beijou por beijar.
Nessas horas, tenho vontade de ficar ali na claridade, onde é raso. E até consigo me manter assim por algum tempo. Até que qualquer coisa ali me assuste ou toda aquela claridade comece a me incomodar. Aí volto pra onde sei viver. E de verdade, acho que sinto falta de tudo que eu já conheço. Principalmente das vozes.

domingo, 29 de novembro de 2009

A morte

Adoro pensar na minha morte. Isso me dá forças pra viver. Lembrar que eu não sei quanto tempo mais estarei viva, junto às pessoas que amo, me faz querer aproveitar a vida ao extremo.
Rir HOJE, dizer que amo HOJE, ligar "praquele" cara ainda HOJE.
Ok, confesso, isso aumenta também a minha ansiedade. Mas ela é só mais um dos meus defeitos pelo qual sou apaixonada.
Pensar na morte me faz ver como é idiotice guardar rancor, odiar alguém. Isso só machuca o ressentido.
Juro que se odiar alguém fizesse o órgão sexual do cara cair, desse furúnculo ou ao menos empipocasse a fulana de espinhas, eu odiaria muita gente ...
Todos que vieram antes de nós morreram. Vamos morrer, isso é FATO! Então nada importa. Quase nada. O que realmente importa é aproveitar essa curta estadia. Fazer valer a pena. Fazer história.
Gostei muito de uma frase que ouvi esses dias: "Se eu não posso fazer o melhor, vou fazer o melhor possível". TEM QUE ser assim. Uma entrega à vida. 100% sempre.

Determinação ou teimosia? (A saga de um piercing)

Domingo 29/01/2009. Acordei meio de ressaca porque na rua onde moro, praticamente, a vida toda tinha 3 festas. Uma delas, casamento de uma amiga, 9 anos mais nova, meio que uma irmãzinha.
Cheia de sono, pensando se viria trabalhar ou não, fui passar o algodão com loção de limpeza no rosto e ... merda!, o piercing do meu nariz saiu de novo. Só que o furo é recente. Furei pela terceira vez, na última segunda. E já na quarta, passei num estúdio em frente à faculdade pro cara recolocar pq eu tinha passado os óculos escuros raspando pelo nariz e zás ... ele tinha saído do lugar.
Mas essa história é longa. Há uns (fazendo as contas na margem do caderno em q estou rascunhando) 6 anos atrás , eu ainda namorava meu exmarido e na época morava meio que na casa dele, meio que na casa da minha mãe. Resolvi furar o nariz. Dias depois a gente brincando na cama, eu tentando esconder o rosto e ... lá se foi o meu piercing.
Pedi pra recolocá-lo mas ele não teve sangue frio (descobri que, nessas horas, ninguém tem). Nem eu.
Andei com a jóia na carteira por meses pensando em refurar. Até que a perdi. Essa foi a minha PRIMEIRA tentativa de ter um piercing no nariz.
Casei, tive um filho, separei e o tempo passou. E esses dias me bateu a vontade de furar o nariz novamente. Um dia de sábado saindo da facul passando pela República, entrei na famosa Galeria (sempre furei lá) e sai com o meu SEGUNDO furo.
Dias depois, eu secando o rosto, ele enroscou na toalha e ... aquela maldita curvinha saiu de novo.
Na última segunda, 23/11/2009, voltei a Galeria. Fiz a tatoo e furei mais uma vez o nariz. Esse foi o TERCEIRO furo. Daí pra frente eu já contei.
E isso me fez lembrar que essa semana minha amiga me dizia que "Vc tem que parar de amar esse garoto" e repetiu isso várias vezes (e confesso que, no começo me irritou muito). Detalhe: essa amiga ainda me digitou "Mel, vc ser teimosa¨

Qual a diferença entre teimosia e determinação?
Vou procurar no dicionário ...
Mas, pra mim, (e essa parte eu escrevi antes de procurar as definições) a diferença é que a teimosia é "burra", é a insistência em um ponto de vista ou uma atitude que não tem razão de ser. é a determinação pelo motivo errado. É a paixão pelo seu modo de ver as coisas.
Já a determinação é algo até excessivamente valorizado. Costumamos vangloriar os determinados. Vejo-a como a luta por seus objetivos mais trabalhosos.
E determinação pode vir a se transformar em teimosia. Você vem empolgado perseguindo um sonho e pode perder o discernimento pra avaliar se é realmente possível. Mas persiste buscando-o.
Não consigo admitir pra mim mesma a teimosia que a minha amiga vê no meu sentimento. Mas congelei pra não complicar mais. Porque essas coisas não são como um banco. Você não deposita amor, respeito, confiança, desejo, planos, carinho e num belo dia de sol saca tudo de uma vez.
Eu , nesse momento estou tentando reavaliar esse investimento. Perdi uma parte dessa aplicação, saquei outra por conta própria e ainda assim, meu saldo não zerou.
E pensando como economista, toda aplicação é incerta. Dependendo dos fatores internos e externos varia a possibilidade de lucros e prejuízos.
Toda piada sobre economistas brinca com o fato de não se conseguir extrair de nós um "sim" ou "não" definitivos. Toda "conclusão" de um economista tem um "dependendo das(os) ..."
Então, dependendo da situação pode ser teimosia ou determinação.
Mas vou logo avisando, talvez eu não deva ter um piercing no nariz mas amanhã, segunda-feira, vou novamente àquele estúdio recolocá-lo (pela QUINTA vez). Ai se é teimosia ou determinação vocês podem definir.

p.s.: Rumo a um piercing na língua. Minha experiência diz que beijo com piercing é tudo de bom ... xD
p.s.1: teimosia
s. f.
1. Qualidade do que é teimoso.
2. Obstinação.
3. Birra.

determinação
s. f.
1. Acto!Ato ou efeito de determinar.
2. Demarcação.
3. Decisão, resolução.
4. Indicação.
5. Definição exacta!exata.
6. Prescrição, ordem.
7. Resolução, denodo

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Por que eu resolvi escrever um blog?

(03:31:10) Mel* reservadamente fala para Ariana: tu conseguiu me fazer enterrar o filho morto q eu carregava nos braços vagando feito louca com medo de perdê-lo da memória e com medo de q o corpo dele começasse a se deteriorar

A comparação com o filho morto foi porque é assim que encaro o fim do meu último relacionamento. Como um filho. O nascimento de um filho assim como o de uma relação nem sempre é algo planejado mas sempre traz grandes modificações para a vida dos “pais”.

Sua vida muda inicialmente pelo fato desse “nascimento”. Com o tempo, seus amigos mudam porque seus assuntos mudam. Vc passa a se preocupar com qual é o melhor tipo de fralda ou de pomada contra assaduras, o parque de diversões mais próximo e procura no jornal filmes com censura livre. Você muda e por conseqüência tudo ao redor também muda. Você aprende coisas novas pra “alimentar” essa “nova vida”.

Sempre me achei feminista extremada e não tô falando aqui de submissão. Mas sim, que pra você abrigar uma nova pessoa na sua vida, algumas coisas mudam e acrescentam-se outras.

Só que um dia, por milhares de motivos, isso morre. E quando foi bacana, bonito e as pessoas se empenharam para que desse certo, isso pode gerar certa frustação. Ninguém (razoavelmente inteligente) aposta em cavalo que vai perder. A gente quer sempre ganhar. Fica o sentimento de perda. E dependendo do tamanho do envolvimento, esse sentimento te engole. Quando você deixa de lado os amigos, as coisas que gostava de fazer antes (viagem, academia, boteco, passeio, amigos, ...) parece que retomar a vida que tinha antes é difícil e sem graça. Ainda mais se você não queria que acabasse.

Fora que, todas aquelas modificações necessárias acabam fazendo parte de você e algumas tornam-se obsoletas. Você precisa reavaliar-se pra ver o que realmente tem que ficar, o que é mesmo bom pra você. Se você não tem mais a criança, não precisa mais andar com bolsa com fralda, mamadeira, trocador. Mas pode sim utilizar aquele tempo que separou pra brincar com ele para outra atividade que te faça bem.

Bom, eu sou a Mel* e esse post é quase um ensaio, um experimento... rs*. É o primeiro e acho que a tendência é melhorar. Quando eu reler, vou ter até vergonha, daqui algum tempo. Minha experiência diz que isso faz parte da vida. Espero que alguém leia. Espero que alguém goste.