domingo, 19 de setembro de 2010

Viver plenamente





“Eu disse a uma amiga:
— A vida sempre superexigiu de mim.
Ela disse:
— Mas lembre-se de que você também superexige da vida.
Sim.”

Clarice Lispector

Caindo no próprio eixo

Na aula aos sábados, minha professora dizia sobre o fato de, atualmente os edifícios serem projetados pra caírem no seu próprio eixo, quase que se "autoimplodirem" em caso de "defeito". Isso evita o "efeito dominó".
Nós, as pessoas, temos tentado a mesma técnica. Individualizar nossos problemas mais pessoais e alguns que nem tanto. É sempre a forma que eu interpreto e de mim para mim mesma. É feio incomodar o outro até com um amor não correspondido (Não é culpa dele por ter se feito passível de amor?).
Ficamos cada vez mais individualistas, mais solitários, mais tristes porque não dividimos a tal tristeza e menos alegres porque alegria, ao contrário de dinheiro, só cresce como um bolo no forno, após ser divida.

Lendo



Segunda-feira eu fui à livraria Saraiva. Comprei um livro ao qual a atendente denominou "técnico" e "Aprendendo a viver" da Clarice. Pensei em escrever "de Clarice Lispector" mas somos íntimas. Ela conhece a minha alma porque tentou desvendar a sua própria existência.
No domingo passado, enquanto eu trabalhava e ouvia fofocas e perguntas as quais as pessoas não pensam antes de pronunciar (Como o moço da minha sala que vira para o nosso professor, intelectual, coordenador do curso, agenda repletíssima e pergunta "Professor, devo levar minha HP para a aula de HP?". Melhor seria ele levar um balde de Lego mas enfim...). No último domingo, estava eu querendo fugir dessa realidade e me pus a ler frases e trechos de Clarice.
Ela diz coisas que eu vejo mas nunca soube traduzir em palavras. E consegue me transportar para um mundo mais doce onde alguém se encanta com o surpreendente desabrochar de uma flor qualquer.
Passei o resto da semana entre livros (comprei 3, no total). Quinta não vim ao trabalho. Passei a tarde com a May e o Beto numa das bibliotecas da Universidade terminando uma lista de exercícios(Outra ocsião para um funcionário pedir para que diminuíssemos o tom). Demorei para começar a render produtivamente e quando eu realmente estava no pique pós nossa parada para o almoço depois da aula, Beto "pediu para sair" (leia-se com a voz do Capitão Nascimento).
Fui então à Livraria Cultura buscar um livro e eis que encontrei um café aconchegante, como todo o estabelecimento. Pedi um expresso duplo e esse dia passou a valer mais a pena somente pela descoberta do efeito de um expresso duplo após do almoço. Estava no ritmo.
E sem pudor nenhum saquei meu caderno, a HP e a lista de exercícios. Fiquei ali por horas. Às vezes, descansava os olhos dos números levantando a cabeça e olhando ao redor as pessoas que sentavam e saiam. Mulheres elegantes, intelectuais, gente que só foi ali pelo café...
Saí com muitas dúvidas sobre a minha lista. Poucas sobre o que ambientes que exalam cultura me fazem...

P.S.: Na quinta, na Livraria Cultura, comprei uma sacola linda que eu já havia visto uma estranha usando na rua... Na hora que comprei lembrei que, além do meu exmarido, outro homem faria o comentário que sempre me penaliza: "Outra bolsa?"... Ah, meninos!!! Poucos entendem a necessidade vital que temos por AQUELA bolsa... Que parece, ser a última a ser adquirida até a próxima... xD

Ratificação

Acabei de escrever "porque você me ensinou o que é o amor". Mentira! Eu sempre amei. Sempre me preocupei, sempre me dediquei, sempre tentei fazer o outro feliz, desejado e protegido. O que você me ensinou foi que esse sentimento é uma via de mão dupla. Que amor que vai tem que voltar.
Que da mesma forma que duas pessoas fazem algo que, se aproxima de sexo mas não é, quando um dos elemntos não está afim de dar e receber, com o sentimento é igual. Você pode até só estar disposto a dar sua emoção e achar que isso satisfaz. Mas quando é recíproco, é como pisar em terra santa. Como comer bolo de chocolate quente. Como cheiro de manga madura. Como aquele minuto em que a médica descreve o seu filho que acaba de nascer e você ainda não viu (E eu posso esquecer o meu nome mas esse momento eu jamais esquecerei).
Não é como cada um desses sentimentos. São todos esses sentimentos juntos e ao mesmo tempo.
Ratificando então... Eu ainda te amo porque você me ensinou a ser amada!

Amor, meu grande amor



Eu nunca deixei de amá-lo, nem conseguiria. O que eu amo é o teu jeito de encarar a vida, a forma como cuida de quem ama, a forma como se doa ao outro e isso não mudou. Eu, particularmente, nunca quis enxergar que o que mudou foi a minha importância na sua vida.
A mulher a qual você se entrega é sempre a coisa mais importante, mais urgente e mais querida. É a quem você entrega seus sentimentos e com toda a força do seu ser busca mimá-la e fazê-la feliz.
Eu ainda te amo e para sempre vou te amar. Obrigada por me mostrar esse sentimento que mistura desejo, cuidado, carinho, admiração, que me faz me sentir protegida e alegre. Eu ainda te amo porque você me ensinou o que é o amor.


"Que a mulher que eu amo seja sempre amada, mesmo que distante. Porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade..."

Oswaldo Montenegro

domingo, 12 de setembro de 2010

A mochileira


Uma das coisas que mais me incomodaram nos últimos anos foi querer TUDO. Apesar de entender que tudo tem um custo, não consigo resolver meus tradeoffs. Não quero abrir não de nada. Tenho medo de "precisar daquilo, um dia".
Guardei muita coisa física e sentimentalmente, por isso.
Acumulei "desnecessariedades".
Mas, hoje, volto a pensar que o que carrego comigo é como a mochila de um viajante. Carregar o que não me serve mais, só faz mais cansativa a viagem. xD

Léo e Bia

Composição: Oswaldo Montenegro

No centro de um planalto vazio
Como se fosse em qualquer lugar
Como se a vida fosse um perigo
Como se houvesse faca no ar
Como se fosse urgente e preciso
Como é preciso desabafar
Qualquer maneira de amar varia
E Léo e Bia souberam amar
Como se não fosse tão longe
Brasília de Belém do Pará
Como castelos nascem dos sonhos
Pra no real, achar seu lugar
Como se faz com todo cuidado
A pipa que precisa voar
Cuidar de amor exige mestria
E Léo e Bia souberam amar

Lendo Clarice



Essas são as estrofes, frases e textos que mais refletem o meu estado de espírito HOJE... Porque, como ela disse muito bem, "Só o que está morto não muda!"

"O que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesmo"

"Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam"

"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro"

"A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre."

"Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito."

"Sou um monte intransponível no meu próprio caminho. Mas às vezes por uma palavra tua ou por uma palavra lida, de repente tudo se esclarece."

"Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro."

" ... Sou como você me vê ...
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar ... "

"Às vezes me dá enjôo de gente. Depois passa e fico de novo toda curiosa e atenta. E é só."

Passatempo, passa o tempo



Não precisa me conhecer muito para saber que um dos meus maiores objetivos hoje é, antes da maximização do meu dinheiro, maximizar meu tempo. Fico tensa no domingo pensando em sair às 6:30 de casa na QUARTA e voltar às 23;00, 23:30.
Se eu não deixar as coisas no seu exato lugar eu não tenho tempo de, por exemplo, colocar meu sabonete facial no box do banheiro ou recolocar na bolsa o carregador do celular.
Saio de casa às 6:30 de segunda à sábado e aos domingos uma hora mais tarde. Tenho inúmeros textos para ler para ser uma aluna regular e, na minha concepção, uma profissional medíocre OU inúmeros³ textos para ler e como meus amigos de sala dizem, esquecer que existe vida social.
A minha não anda abandonada. Está na UTI. Saio pouco e preciso ter disponível carro, dinheiro, cia e, principalmente, certa disposição física e mental que anda me faltando.
Andou me faltando também tempo para gostar de mim, para cuidar de mim, para olhar para as minhas expectativas, para entender o porquê de eu me manter fazendo o que eu tinha que fazer. Me faltou tempo para lembrar que a vida é uma coleção de experiências e não um amontoado de compromissos. Que no ritmo que eu ando caminhando, quando chegasse enfim aos meus objetivos, não teria nem com quem usufruir, nem saúde para isso.
Joguei coisas para o alto e revi o que realmente é importante, onde eu preciso de ajuda, o que eu faço questão de manter.

Tempo é vida. É o espaço que se tem para usufruir da ca dos queridos, das coisas que fazem intimamente bem.
Eu quero mais tempo! Eu quero mais vida! xD